Estava-se no início de 1934. Com o mudar do ano, entra em vigor o Estatuto Nacional do Trabalho, fascista, e os sindicatos livres eram oficialmente proibidos, dando origem a outros, subjugados ao poder corporativo. Por todo o País, os trabalhadores combatem a fascização dos sindicatos e convocam para 18 de Janeiro uma greve geral revolucionária, com o objectivo de derrubar o governo de Salazar. A insurreição falha, mas na Marinha Grande os operários vidreiros tomam o poder. Apenas por algumas horas, é certo, pois a repressão esmagaria a revolta. No resto do País, esperavam-se acções iguais, mas em nenhum outro lado se repetiu o gesto dos operários marinhenses. Apesar de fracassada, a revolta dos trabalhadores vidreiros fica na história como um momento alto da resistência ao fascismo. E deixou sementes, que germinaram numa manhã de Abril, precisamente quatro décadas depois.
Contrariamente ao que sucedeu nas restantes localidades no dia 18 de Janeiro de 1934, na Marinha Grande os objectivos da greve geral revolucionária foram cumpridos: os operários tomaram o poder. Cercada a vila e cortados os acessos, os trabalhadores marinhenses ocuparam os Correios e o posto da GNR.
Derrotado o levantamento popular, começaram as perseguições e as capturas aos dirigentes sindicais, na sua maioria comunistas. Na noite de 18 e nos dias seguintes, varreram toda a região, casa a casa. Nem o Pinhal de Leiria ficou por varrer.
No passado dia 29 de Março de 2009, a RTP2 transmitiu o programa a Alma e a Gente, desta vez alusivo à cidade da Marinha Grande. Vários temas foram abordados pelo historiador José Hermano Saraiva, desde a importância do vidro na nossa cidade, à história do Pinhal de Leiria e das praias do concelho. Um curto documentário que resume alguma informação histórica muito interessante e que permitirá a todos conhecer um pouco mais da Marinha Grande. Entretanto a RTP já disponibilizou o vídeo na sua área multimédia na Web, para o qual deixamos o link: http://ww1.rtp.pt/multimedia/?tvprog=23320&idpod=23746
A Marinha Grande pertence ao distrito de Leiria, região Centro e subregião do Pinhal Litoral. É sede de um município com 181,37 km² de área e 34 153 habitantes (2001), subdividido em 3 freguesias (Marinha Grande, Moita e Vieira de Leiria). O município é limitado a norte e leste pelo município de Leiria, a sul por Alcobaça e a oeste tem litoral no oceano Atlântico. É composto por uma paisagem natural única: o Pinhal do Rei funde-se com várias praias do concelho, das quais se destacam, São Pedro de Moel e a Praia da Vieira.
Feriado Municipal:
O feriado municipal é a quinta-feira da Ascensão. Este dia faz parte do calendário cristão e tem lugar 40 dias após o Domingo de Páscoa. Depois que a Igreja o passou a considerar um dia normal, continuou a ser comemorado pelos vidreiros e suas famílias que neste dia, a pé, de bicicleta, ou de carro, se deslocam para a Mata, onde passam o dia em convívio. A Câmara Municipal, tendo em conta a forte tradição dos marinhenses, que comemoravam este dia, em piqueniques, passeando a pé, de bicicleta ou de carro pela Mata, deliberou que o Dia da Espiga passasse a ser feriado municipal. Tradicionalmente, neste dia, as famílias e os amigos juntam-se e vão para a Mata, especialmente para um local chamado Tremelgo. Aí, estende-se a manta de retalhos no chão, destapa-se o tacho, serve-se o tradicional coelho com ervilhas, os pastéis de bacalhau, o pão-de-ló. À noite as pessoas regressam, trazendo a bicicleta ou a carro enfeitados com grandes ramos de verdura e flores campestres. Esse tipo de ramo chama-se a Espiga e é composto por uma espiga de trigo, um ramo de oliveira e uma papoila e deve ser guardado até ao ano seguinte, pois dá sorte. Daí que esta quinta-feira seja também conhecida por Dia da Espiga.
Bandeira Municipal:
A bandeira municipal foi desenhada pelo marinhense João de Magalhães Júnior, logo após a restauração do concelho. É esquartelada de amarelo e negro. Cordões e borlas de ouro e negro. Haste e lança douradas. As armas são vermelhas, com um pinheiro de ouro freitado de verde, sustido de negro, sainte de um contra-chefe de dunas de areias de prata.
Hino do Concelho:
O hino do concelho foi Criado em 7 de Abril de 1932 pelo maestro António Augusto Lopes, foi tocado pela primeira vez em público aquando das comemorações do 15º aniversário da restauração do concelho.
Indústria Vidreira:
A história da formação e desenvolvimento do concelho está intimamente ligada à indústria do vidro, que aqui encontrou condições geográficas favoráveis ao seu estabelecimento.
Contudo, é só a partir de 1769, sob a administração de Guilherme Stephens- homem de carácter empreendedor e grande industrial - que se deve o maior desenvolvimento da indústria do vidro.
Embora a economia da cidade já não viva da actividade vidreira, não se poderá negar a sua importância no contexto histórico, social e económico.
A demografia, as modalidades de ocupação do espaço, a estrutura económica e social, as atitudes face à cultura ou ao associativismo, a elaboração de discursos e práticas de identidade local, evoluíram durante larguíssimas décadas, sob forte influência desta actividade. A introdução, desenvolvimento e evolução do fabrico do vidro é, sem margem para dúvidas, o facto mais saliente da história marinhense dos últimos 250 anos.